quinta-feira, 10 de julho de 2014

A arte na Pré-História

Podemos considerar os seguintes períodos: Paleolítico (ou "Idade da Pedra Lascada", do surgimento do ser humano até cerca de 12 mil anos atrás), Neolítico (ou "Idade da Pedra Polida", de 12 mil até 6 mil anos atrás) e Idade dos Metais ( de 6 mil anos atrás até o desenvolvimento da escrita).
Os antropólogos e historiadores reconstituíram a cultura humana pré-histórica com base nos objetos encontrados em várias regiões do mundo e nas pinturas e gravações do interior de muitas cavernas na Europa, no norte da África, na Ásia e no continente americano.

A arte no Paleolítico : o naturalismo

Esse período foi também chamado de "Idade da Pedra Lascada" porque as armas e os instrumentos de pedra produzidos pelos grupos humanos era "lascados" para adquirir bordas cortantes.
São do Paleolítico as primeiras manifestações artísticas de que se tem registro, como as pinturas encontradas nas cavernas de Chauvet e Lascaux, na França, e de Altamira, na Espanha.
As primeiras expressões da arte eram muito simples. Consistiam em traços feitos nas paredes das cavernas, ou nas mão em negativo.
A principal característica dos desenhos e pinturas do período é o naturalismo: o artista do Paleolítico representava os seres do modo como os via de determinada perspectiva, isto é, reproduzia a natureza tal qual sua visão captava.
Existem duas explicações para as pinturas rupestres (do latim rupes, rocha). Um delas afirma que o artista representava os animais que temia, ou os grandes animais que caçava, como o bisão. Outra afirma que o pintor-caçador poderia "aprisionar" a imagem do animal, facilitando a sua caçada na vida real.

O ser humano das cavernas utilizava óxidos minerais, ossos carbonizados, carvão, vegetais e sangue de animais.
A Vênus de Willendorf foi encontrada pelo arqueólogo Josef Szombathy, em 1908, perto de Willendorf, na Áustria, e data de aproximadamente 24 mil anos atrás.


A arte no Neolítico: começa um novo estilo

O período Neolítico foi também chamado "Idade da Pedra Polida" porque nele se desenvolveu a técnica de produzir armas e instrumentos com pedras polidas por atrito, que as tornava mais afiadas.
Ainda nesse período deu-se a chamada Revolução Neolítica: o início da agricultura e da domesticação de animais, que permitiu ao homem a substituição da vida nômade, errante, por uma vida mais estável. Esse fato transformou profundamente a história humana, pois com a fixação dos grupos humanos, houve um rápido aumento populacional e o desenvolvimento dos primeiros núcleos familiares, além da divisão do trabalho nas comunidades.
A partir daí, o ser humano criou técnicas como a tecelagem e a da cerâmica e construiu as primeiras moradias. Como ele também já havia conseguido produzir fogo pelo uso do atrito, pode com o tempo, derreter e trabalhar metais.
O estilo naturalista, foi substituído por um estilo mais simples e geométrico, com sinais e figuras que mais sugerem do que reproduzem os seres. O ser humano passou a ser representado em suas atividades cotidianas e coletivas. Daí surgiu um novo desafio para o artista: sugerir movimento por meio da imagem fixa.
Dessas figuras com traços e linhas muito simples, surge a escrita pictográfica, na qual os seres e as ideias são representados por desenhos.

A arte na Idade dos Metais: um novo material dá forma à beleza

Na Idade dos Metais, o ser humano já havia dominado a produção do fogo.
Esculturas de metal foram encontradas sobretudo na Escandinávia e na Sardenha. Com representações de guerreiros e mulheres, são ricas em detalhes e servem de documento dos costumes do período.

A arte na Pré—História brasileira

Em Minas Gerais, por exemplo, encontra-se o sítio arqueológico de Lapa da Cerca Grande, localizado no município de Matozinhos, a aproximadamente 50 quilômetros de Belo Horizonte.
Podem ser vistas figuras zoomorfas (representações de animais terrestres, peixes e aves), antropomorfas (imagens humanas) e geométricas. A cor predominante nas figuras é a vermelha, mas observam-se também a amarela, a branca e a preta.
Outro importante sítio arqueológico, encontra-se no Parque Nacional da Serra da Capivara, município de São Raimundo Nonato, Piauí. Diversos pesquisadores vêm trabalhando nele desde 1970.
Em 1978, uma missão franco-brasileira coletou no local uma grande quantidade de dados e vestígios arqueológicos. Os cientistas chegaram a conclusões esclarecedoras a respeito dos grupos humanos que habitaram a região por volta do ano 6000 a.C., ou talvez em épocas ainda mais remotas. Como os primeiros habitantes da área de São Raimundo Nonato - provavelmente caçadores-coletores, nômades e seminômades - se abrigavam ocasionalmente nas grutas da região, a hipótese mais aceita é a de que teriam sido eles os autores das pinturas e gravações aí encontradas.

 
Geoglifos
 
Geoglifos são outra variedade de arte pré-histórica. Esses enormes desenhos feitos no chão costumam exibir contornos ou símbolos distintos e são os precursores da land art do século XX. As linhas de Nazca (c.500 a.C. - c.500 d.C.), no Peru, são consideradas os mais impressionantes geoglifos do mundo em virtude de seu tamanho, complexidade, variedade e surpreendente estado de conservação. Os símbolos foram feitos, em sua maioria, removendo-se pedras de uma área desértica a fim de se criarem formas geométricas e imagens de seres humanos, plantas, mamíferos, pássaros e seres fantásticos, ligadas por uma série de linhas. Os maiores desenhos tem até 200m de extensão e as formações geométricas cobrem quase 500km². Alguns especialistas acreditam que as linhas podem ter sido usadas em rituais e observações astronômicas; outros sugerem que são projetos de irrigação ou símbolos de fertilidade.
 
A civilização nazca se desenvolveu entre 200 a.C. e 600 d.C. Embora não exista mais nenhuma estrutura arquitetônica importante, a característica cultural mais notável da civilização - e também seu maior mistério - é a vasta rede de geoglifos conhecidos como Linhas de Nazca, que ficam no deserto e aos pés dos Andes, na planície costeira peruana ao sul de Lima. Esses enormes desenhos no solo criam contornos que consistem de formas geométricas, linhas e imagens de pássaros e animais, entre eles uma aranha, um pelicano, um lagarto e um beija-flor. Os geoglifos cobrem uma área de mais de 450km², e o maior dos desenhos chega a 305m de comprimento.
O clima seco e sem vento e o isolamento da planície de Nazca ajudaram a preservar esses enigmáticos geoglifos. As linhas rasas foram feitas removendo-se o óxido de ferro e os pedregulhos do deserto, de modo que o solo branco sob a superfície ficasse exposto, num processo que requeria muita organização e planejamento. O povo nazca precisava de um sistema de medição topográfica que usasse medidas exatas numa escala tão grande que era impossível ver o geoglifo todo de uma só vez. Acredita-se que eles tenham construído torres de observação para ver os geoglifos de um ponto elevado. Pássaros são os temas mais comuns das Linhas de Nazca - até hoje foram descobertos 18 aves - , mas o beija-flor continua sendo a imagem mais reconhecida.
https://www.youtube.com/watch?v=sCboHgYaTmY

Cerâmica policromada Nazca

A iconografia e o simbolismo das Linhas de Nazca estão presentes na cerâmica e na tecelagem nazca. Influenciados pela antiga civilização paracas, as cerâmicas nazca são caracterizadas pela policromia - uso de desenhos geométricos e imagens coloridas de pássaros, animais, peixes, plantas e deuses. O mais notável é que os nazcas empregavam uma paleta de no mínimo 10 cores, mais do que a usada em qualquer outra cultura da América pré-colombiana. Tais cores são obtidas usando-se uma argila líquida feita de pigmentos minerais, como óxido de ferro para produzir o vermelho e manganês para o preto. As cerâmicas nazca eram feitas na forma de tigelas, canecas, pratos, vasos e vasilhas com um ou dois bicos e uma alça. As vasilhas nazca às vezes mostram cenas de decapitação, porque o ritual de sacrifício era uma prática comum nos Andes. Essas vasilhas podiam ser usadas nas casas, embora fossem mais comuns como oferendas funerais. A utilização de algumas formas era permitida apenas aos membros das classes mais altas da sociedade. Em geral, as cerâmicas eram feitas com rolos de argila. Pigmentos minerais eram, então, aplicados antes da queima, e as peças eram polidas para exibirem um acabamento brilhante.

Linhas de Nazca (beija-flor) c.200a.C. - c.500 d.C.



O bico comprido do beija-flor é seu traço mais distintivo. A ponta do bico termina num grupo de linhas paralelas, e a última delas aponta para o nascente no dia 21 de dezembro, data do solstício de inverno. Acredita-se que os geoglifos fossem usados como marcadores de um calendário astrológico relacionado às atividades agrícolas.
 
As asas abertas e as penas da longa cauda tornam o beija-flor facilmente reconhecível, apesar de sua representação chapada e linear. Os padrões e o estilo das Linhas de Nazca seguem a tradição pré-colombiana da simplificação e da abstração de figuras naturais por meio da remoção dos detalhes e da preservação da forma elementar. 
 
Referências Bibliográficas
 
FARTHING, Stephen. Tudo sobre arte. Rio de Janeiro: Sextante, 2011.
PROENÇA, Graça. História da arte. 17.ed. São Paulo: Ática, 2011.